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Site BoqNews
17/05/2011
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Acessibilidade para todos
Atividades radicais condicionam e melhoram a saúde. Além disto, podem ser feitas por todos, de amadores a atletas, incluindo portadores de necessidades especiais
Da Redação por Carina Seles
Em 1994, após perder a visão, o estudante Valdemir Pereira Correa (foto), na época com 24 anos, decidiu se dedicar aos esportes três anos depois do ocorrido. “Sempre tive vontade, porém era muito ligado aos estudos e à leitura. Não conseguia conciliar”, conta. Segundo ele, o incidente ocorreu após uma cirurgia para correção do glaucoma, onde houve problemas na anestesia.
Com muita força de vontade, o rapaz se tornou um dos primeiros surfistas cegos do País, após ter tido aulas com o surfista santista, Cisco Araña, além de começar a praticar esportes radicais. “Ao longo desses anos, pratiquei capoeira, karatê, taekwondo, além de fazer rappel, tirolesa e slackline” (veja quadro), relata. “No surf, desde 1997, tenho aula junto com as outras pessoas. Não faço aula especial. A única atividade que ainda não consegui fazer foi escalada”, conta.
Para todos
Correa conheceu o esporte radical por meio do professor de Educação Física, Carlos Fontoura, que há 15 anos promove atividades voltadas à qualidade de vida por meio do esporte por intermédio de sua ONG, a Brasil Adventures. Fontoura afirma que todas as pessoas podem praticar os mais variados tipos de esporte radical, como escalada, rappel, arvorismo, tirolesa, cascading e trekking. “Inclusive pessoas obesas, idosos e os portadores de deficiência”, afirma.
Porém, segundo ele, é necessário compreender que cada treinamento possui diferenças quanto ao acompanhamento de um profissional. “Como toda atividade física, é necessário um exame médico para apontar as reais condições de cada pessoa. Há diferenças de acompanhamento profissional. Dependendo da dificuldade, podemos colocar cordas extras ou cadeiras especiais, por exemplo”, conta.
Além disso, Fontoura ressalta a necessidade de haver espaço para este tipo de esporte na região. “Com a ampliação da prática é necessário promover a conscientização de que isso é possível para todas as pessoas, com as mais diferentes dificuldades”, aponta.
O surfista Valdemir ressalta que o diferencial dos cursos ministrados pela entidade é a iniciativa do professor querer transformar os atletas deficientes não em apenas alunos, mas em professores. “Ele vai além e, com isso, pretendo futuramente dar aulas de esportes radicais, mesmo sendo cego, pois o esporte vai ajudar a abrir a mente das pessoas, deixando de lado o preconceito”, ressalta.
“Não quero que ninguém me veja como ‘coitadinho’. Tenho capacidades e quero derrubar preconceitos, como quando as pessoas acham que não tenho equilíbrio, o que não é uma verdade”, conta Valdemir, que atualmente está estudando Educação Física.
Dicas
Para quem não entende do assunto e quer saber se a empresa de Esportes Radicais oferece segurança, Carlos Fontoura recomenda pedir o certificado profissional, além de ver se o funcionário é qualificado na área. “Outra dica é verificar se o material, como cordas e capacetes, estão novos, pois bons materiais não correm o risco de se partirem com facilidade”, ressalta.
Aulas
O grupo ministra aulas em diferentes locais na Baixada Santista. O Slack Line é ministrado gratuitamente pela equipe voluntária da Brasil Adventures na altura da Escola Escolástica Rosa (Av. Bartolomeu de Gusmão, 111, Aparecida), na orla da praia, aos domingos das 14h30 às 19h. Na Fefis (Unimes - Av. Francisco Glicério, 6, Encruzilhada), a partir de 10 pessoas é possível reservar o espaço do Nera - Núcleo de Esportes Radicais e Aventura, o primeiro parque de aventura do Brasil.
A taxa individual varia de R$ 35,00 a R$ 50,00, com agendamento prévio. Em Praia Grande, no Auto Shopping Litoral (Avenida Ayrton Senna, 611), aos sábados e domingos são oferecidos o circuito radical por R$ 30,00 por pessoa.
Benefícios
De acordo com o instrumentador cirúrgico e pós-graduado em Fisiologia do Exercício, Márcio Teruo Takayassu, praticar uma atividade física oferece inúmeros benefícios. “Inclusive o esporte radical, o qual promove uma descarga saudável de substâncias como serotonina, adrenalina e efedrina, trazendo o bom humor aos praticantes”, conta.
No aspecto democrático dos esportes radicais, o especialista conta que inúmeros benefícios os esportes radicais podem trazer às pessoas com deficiência. “Independente do problema enfrentado, a atividade auxilia na função motora e cognitiva do paciente. É uma grande superação que faz bem, inclusive, ao coração”, diz Takayassu. “Além disso, é compensador ver o sorriso no rosto dos praticantes”, afirma.
De acordo com Juliano Coelho, ortopedista especializado em coluna, do Grupo Medicina da Coluna, é possível realizar a prática dos esportes radicais com crianças a partir de quatro anos, sendo feita em até duas vezes por semana.
“Crianças, pessoas idosas ou com deficiência podem praticar esportes radicais desde que o médico-assistente tenha completo domínio sobre o estado físico do seu paciente e tenha uma interação com o professor de Educação Física, Personal ou orientador do esporte específico. Deste modo, é possível estabelecer um vínculo entre médico e paciente para melhor orientá-lo”, explica.
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